16 de dez. de 2017

ISCD 2018

A Comissão de Regras da Federação Internacional de Orientação (IOF) divulgou a Especificação Internacional para Descrições de Controle da IOF atualizadas (ISCD 2018) na semana passada. 

A Especificação Internacional para Descrições de Controle entrará em vigor em 1º de janeiro de 2018. A nova atualização do OCAD 12 já contém os novos conjuntos de símbolos de percurso que são totalmente compatíveis com a nova especificação ISCD 2018. Entretanto não estão fazendo mais atualização para o OCAD 11 e versões anteriores, por isso estou divulgando no final deste artigo minha versão atualizada para OCAD 11 e OCAD 10.

Principais mudanças na versão de 2004:

# Linha extra opcional que mostra a distância do ponto de entrega do mapa ao triângulo de partida.
- 150m para o triângulo de partida



# Adicionados dois novos símbolos, para trincheira e canteiro de flores.


- Trincheira, na curva
- Canteiro de flores, canto noroeste 
  

# O símbolo de “curva” foi mudado da coluna G para a coluna F.

# Foi retirado o símbolo para ponto de rádio ou de TV.

Depois de tantos anos, a IOF poderia ter feito mais mudanças, mas parece que teve pouco tempo entre a Comissão de Regras divulgar que faria mudanças e esta divulgação. Algumas propostas novas não foram aprovadas, assim as mudanças foram realmente poucas.

Ponto de entrega do mapa



A Especificação Internacional para Mapas de Orientação (ISOM 2017) possui um novo símbolo para o ponto de entrega do mapa (número de símbolo 702). 

Como isso funciona no OCAD? Escolha um novo mapa com a nova configuração de percursos ISCD 2018 e desenhe uma rota marcada para o triângulo de partida. Adicione um ponto de canto na linha tracejada e barra transversal do ponto de entrega do mapa então aparece (o ponto de canto pode ser inserido no início ou no meio da linha). 

No cartão de descrição, a linha extra opcional, que mostra a distância do ponto de entrega do mapa ao triângulo de partida, pode ser inserida em cada percurso antes do triângulo de partida, após ter sido criada a linha de balizamento, e a aparência no cartão de descrição será parecida com a do exemplo acima. 

Para quem preferir, o símbolo 702 também está disponível no meu arquivo e pode ser colocado separadamente no início da linha de balizamento. Lembrando que a distância da linha que marca até o triângulo de partida será somada automaticamente ao percurso no OCAD.



Versão em português da ISCD-2018 feita pela CBO:


21 de abr. de 2017

ISOM 2017





A partir de 1° de Maio de 2017 poderá ser usado o novo Padrão Internacional para Mapas de Orientação 2017 (ISOM 2017). Até o final deste ano o ISOM 2000 ainda será válido, deixando de ser usado a partir de 1° de Janeiro de 2018. Como já vinha sendo anunciado, a nova versão traz várias modificações interessantes, que requerem a atenção dos mapeadores aos novos padrões. 

Para mapas que abrangem a área urbana, a mudança mais significa foi poder usar o mesmo símbolo para edificações usado nos mapas de Sprint, na cor cinza escuro (Preto 50%), desde que o edifício (ou conjunto de edifícios) tenha dimensões maiores que 75m de largura por 75m de comprimento. Já é uma evolução, assim como a possibilidade de representar as áreas em que se pode debaixo ou através de uma edificação grande com o cinza mais claro. Alguns mapeadores já faziam isso em mapas não oficiais com edificações grandes. 


Vários pequenos detalhes foram alterados nas dimensões e distâncias mínimas de símbolos, que não vou enumerar aqui, mas que já foram ajustadas no arquivo de símbolos feito pela equipe do OCAD, que eu traduzi para o português na versão para a escala 1:10.000, que é a mais usada no Brasil (eu uso os símbolos com nomes traduzidos para o português desde o OCAD 4! ). Lembrando que o padrão de escala do mapa ainda é 1:15.000, pois a IOF não abre mão deste padrão, mesmo que a maioria dos mapas produzidos esteja na escala 1:10.000 (ainda não foi nesta ISOM que mudaram isso). 

Nas estradas e caminhos foram reformulados os padrões, sem muito impacto para os orientistas, mas com necessária atenção para os mapeadores. O símbolo 503, por exemplo, será empregado para estradas secundárias com menos de 5m de largura, como acontecia na ISOM 2000, mas com símbolo diferente.


Outra mudança foi nos símbolos de elementos especiais, onde o X passará a ser somente em verde ou preto, assim como a O que também pode ser verde ou preto, como era usado anteriormente. Já o X azul foi substituído pelo * azul e a O azul foi substituída pelo quadrado azul. O X marrom foi substituído pelo triângulo marrom, que muda bastante o aspecto dos mapas em áreas com muitos cupinzeiros. O símbolo de ferrovia passou a ser o mesmo do mapa de Sprint. 

Foi excluído o símbolo de estande ou campo de tiro. Foi adicionado o símbolo de trincheira, que ainda é bastante comum de encontrar na Europa.


Nos símbolos de vegetação foi colocada a possibilidade de usar pontos verdes nos símbolos de árvores dispersas em áreas abertas e semiabertas, para representar área aberta com moitas dispersas. Foi adicionado o símbolo de vegetação intransponível, semelhante ao usado mapa de Sprint.

Outra adição de símbolos interessante foi entre os símbolos de percurso, o da colocação do balizamento antes do triângulo de partida com um traço perpendicular indicando o local de entrega do mapa. Com isso ficará mais fácil orientar o mapa até mesmo antes de chegar ao triângulo de partida, sem ter que usar a bússola obrigatoriamente. Mudaram as dimensões dos símbolos de triângulo de partida, ponto de controle e chegada; mas eles podem ser proporcionalmente ampliados nos mapas 1:10.000.

Houveram algumas mudanças nas dimensões dos símbolos relacionados a pedras e penhascos, que não faz tanta diferença para os orientistas, mas os mapeadores devem tomar conhecimento e aplicar. Na Europa, por exemplo, muitos mapeadores usam 3 tamanhos de símbolo para pedras desde a década de 90, principalmente os suíços (o suíço Thomas Brogli comentou sobre isso na Conferência de Mapeadores da IOF da qual participei em 1991, e onde o Hans Steinegger demonstrou o uso do OCAD 3! ). Na ISOM existem dois tamanhos para o símbolo de pedra, com 0,4 e 0,6 mm na escala 1:15000, mas desde a ISOM 2000 é permitido aumentar o símbolo para 0,5 onde existam pedras de tamanho significativamente diferentes; com essa “permissão” eles usam um tamanho intermediário de 0,5mm, além dos outros dois do padrão. Como não conseguiram alterar a ISOM para três tamanhos de pedra, usam dessa maneira nos mapas locais. Encontramos assim os três símbolos possíveis no arquivo do OCAD, que é feito pelos suíços.

Foi tirada a obrigação dos mapas internacionais terem uma legenda com a descrição dos símbolos de elementos especiais. Entretanto é interessante que os mapeadores coloquem uma legenda de acordo com os símbolos importantes da área e de acordo com o tipo de evento, principalmente quando há participação de iniciantes e nesta fase de introdução dos novos símbolos da ISOM 2017.

Estou disponibilizando os arquivos que vou usar a partir de agora no OCAD. Lembrando que estes são indicados para mapas novos. Para trocar os símbolos de um mapa no padrão ISOM 2000 para o ISOM 2017 é necessário usar uma tabela de referência cruzada, com a numeração antiga (que varia de um arquivo para outro) e a numeração nova. Os mapeadores que souberem fazer este tipo de alteração, podem usar a tabela que estou indicando como modelo.

Usem os links abaixo para baixar os arquivos do OCAD traduzidos para o português (BR).

Mapa ISOM 2017 1:10.000 OCAD 9
Mapa ISOM 2017 1:10.000 OCAD 10
Mapa ISOM 2017 1:10.000 OCAD 11
Mapa ISOM 2017 1:15.000 OCAD 9
Mapa ISOM 2017 1:15.000 OCAD 10
Mapa ISOM 2017 1:15.000 OCAD 11
Tabela de referência cruzada

Mapa ISOM 2017 1:10.000 OOMapper


Abaixo o arquivo da ISOM 2017 traduzido para o português (BR) por Jocemar Riva. Logo estará com a versão atualizada em Abril de 2019 (a versão em inglês está atualizada). 

ISOM 2017 -Brasil


ISOM 2017 original em inglês


Documento da CBO falando sobre as mudanças: 

Diferenças entre ISOM 2000 e ISOM2017

25 de mar. de 2017

Manual do Jovem Orientista - Dica nr 97

Dica n° 97: Cuidado com os perigos naturais.

Num percurso de orientação encontramos vários obstáculos naturais. É necessário tomar muito cuidado com aqueles obstáculos que representam perigo ao orientista, como penhascos e barrancos altos, vegetação densa e com espinhos, charcos e rios intransponíveis. Na aviação, vários fatores adversos somados podem contribuir para um acidente aéreo ou até mesmo uma tragédia. Na orientação também precisamos estar atentos a certos cuidados para não sofrermos acidentes. 

Eu presenciei uma ocasião onde os fatores adversos contribuíram para um acidente fatal com um colega durante um treinamento de orientação. Este aconteceu em 1996 com Ailton de Brito, sargento da FAB, durante um treinamento no Rio de Janeiro. Costumávamos treinar nas quintas-feiras, juntamente com outras equipes, cada vez com traçador de percurso diferente. Naquele dia Neir Braga foi o traçador e havia uma equipe do Exército participando. O Braga saiu para colocar os prismas e no sorteio da ordem de partida eu fui um dos primeiros e Brito o penúltimo. Completei o percurso sem problemas, chegando pouco depois do Braga ter acabado de colocar os prismas e depois que todos haviam partido e estavam no percurso. Depois que todos os colegas do Exército chegaram, sentimos a falta do Brito, e quando perguntamos se alguém o havia visto durante o percurso a resposta foi negativa. Passado o tempo normal de realização de percurso, dividimos o pessoal para voltar na área para tentar encontrá-lo. Procuramos até o final da tarde sem sucesso. Ao recolhermos a bolsa com o material do Brito encontramos a bússola entre seus pertences, fato que nos preocupou mais ainda, pois ele tinha saído sem a bússola. Ainda passamos de carro pelas principais vias da área após escurecer. A primeira pessoa que avisamos foi a esposa do Brito, deixando a bolsa dele com os documentos e pegamos uma foto para usarmos nas buscas seguintes. Voltamos para nossa organização e avisamos nosso comandante, que tomou as providências necessárias para que as buscas continuassem no dia seguinte. Voltamos na manhã seguinte com o auxílio de mais pessoas, inclusive pessoal especializado em busca e salvamento, separando várias equipes de busca para cobrir toda a área. Apenas no sábado de manhã uma das equipes conseguiu informações de pessoas que haviam visto o Brito na quinta-feira. Um coronel da reserva do Exército, que tinha uma chácara na parte leste da área tinha conversado com ele, cerca de meia hora depois do horário de partida. O percurso seguia para o norte e para oeste, mas Brito afastou-se para leste, cerca de 1 km fora da rota prevista, após o ponto 1, procurando o ponto 2. Passou naquela chácara procurando um local onde o caminho cruzava uma ponte. Ele pediu água e perguntou onde ficaria uma ponte nas proximidades, e o dono da chácara falou que no rio que passava ao lado tinha um tipo de ponte até o outro lado. O problema, além do Brito não estar com a bússola, foi não perceber que estava próximo do limite do mapa, onde tinha um rio de cerca de 50m de largura que corria de norte para sul e que não era o córrego de 10m de largura que corrida de oeste para leste, onde era a área do ponto de controle. A ponte próxima da chácara, na verdade era um aqueduto com uma diferença de altura maior que 3m de uma margem para a outra, com alguns ferros impedindo as pessoas da margem oposta passar no sentido contrário. Não dá para entender como ele não observou a largura do rio e não percebeu que nenhum traçador colocaria um ponto de controle naquele local. O pessoal da equipe de busca foi para o outro lado do rio e encontrou dois garotos que haviam visto o Brito. Eles estavam próximo ao rio, cuidando de um cavalo, quando viram o Brito passando para aquele lado e depois não conseguiu voltar pelo mesmo local. Viram que ele guardou um papel (o mapa) num bolso na frente da roupa e tentou atravessar de volta a nado, mas a correnteza era forte e o arrastou rio abaixo. O problema maior, além da correnteza forte, era que mais abaixo, depois da curva do rio, havia uma corredeira com muitas pedras. O corpo do Brito foi encontrado no domingo de manhã, num remanso cerca de 5 km abaixo, quando um helicóptero de busca vasculhava o rio. Uma série de fatores adversos contribuíram para este triste fim, mas a principal lição, fora a questão da busca por alternativas corretas de relocalização, é que não devemos subestimar os perigos da natureza, e jamais nos arriscarmos numa situação duvidosa de perigo em potencial. 

Há perigos que estão além de nossa capacidade de superação. Geralmente os traçadores de percurso evitam os locais de risco, como aconteceu ali, mas cabe a cada orientista ter cautela e evitar colocar-se em situação perigosa. Em 2016 tivemos outro acidente fatal com o veterano Itamar Torrezam, que desviou um pouco da rota, e quando atravessava uma área de vegetação mais densa caiu de um penhasco com mais de vinte metros de altura.

Outro risco são as doenças transmitidas por carrapatos. O sueco Arto Rautiainen, depois que parou de competir na Elite, continuou envolvido com seu clube de orientação, até que morreu inesperadamente aos 36 anos de idade, durante um treinamento, sem motivo confirmado. Outras mortes misteriosas ocorreram com alguns orientistas da Europa, sem nenhuma causa ter sido encontrada, após efetuados os exames. Suspeita-se de encefalite transmitida por carrapatos, doença para a qual o governo sueco desenvolveu recentemente uma vacina que pode proteger. Às vezes as pessoas infectadas confundem os sintomas como a febre, com os de uma virose comum, mas o caso pode ser mais perigoso se não diagnosticado corretamente. No Brasil temos um risco semelhante de contrair a febre maculosa, doença semelhante à descrita acima, que já teve casos fatais entre pescadores, que contraíram a doença em locais onde havia capivaras. 

E temos os riscos das doenças transmitidas por mosquitos, como a febre amarela. Os militares já costumam tomar as vacinas necessárias, e da mesma maneira os orientistas devem procurar as vacinas disponíveis para as doenças ligadas a áreas rurais e de floresta.

Casos fatais ocorrem em vários esportes, o nosso é um que teve poucos, mas vários acidentes menos graves podem ocorrer se não prestarmos atenção, assim devemos tomar os cuidados adequados em locais naturais que oferecem perigos potenciais.

1 de mar. de 2017

NOTA DE PESAR - JUSCELINO ALENCAR KARNIKOWSKI

Retransmito a mensagem de pesar da comunidade orientista:

"É com extremo pesar que a CBO recebeu a notícia do falecimento do nosso orientista nº 1873 JUSCELINO ALENCAR KARNIKOWSKI, ocorrido por volta das 03:00h de 28 de fevereiro.

O Karnika, como era conhecido por todos, sofreu um acidente de carro na manhã do último domingo, na região de Santa Rosa-RS. O acidente causou um ferimento grave na área da bacia e ele foi operado na tarde do mesmo dia e permaneceu sendo acompanhado na UTI em um hospital de Santa Rosa. Infelizmente, ele passou a perder muito sangue e não resistiu, vindo a falecer nesta madrugada.

O Karnika era natural de Santa Rosa-RS e sargento do Exército Brasileiro, servindo em Amambai-MS. Durante mais de 10 anos foi atleta de elite das Forças Armadas e representou o Brasil na equipe nacional militar nos Campeonatos Mundiais Militares de 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015. Em 2009 foi Campeão do Campeonato de Orientação das Forças Armadas (CAMORFA). O Karnika terminou o ano de 2016 na 9ª colocação do ranking da CBO.

A CBO, em nome dos orientistas do Brasil, se despede de um de seus mais expoentes atletas ciente de que atletas brilhantes são insubstituíveis em sua existência e, além da falta que fará a todos aqueles que o amam, certamente deixará a comunidade orientista brasileira mais pobre."



Fiquei muito triste com a perda deste companheiro de tantos percursos. Estivemos várias vezes participando dos mesmos percursos, e até viajamos juntos com a equipe brasileira. Sabemos que na orientação todos buscam vencer os desafios dos percursos e fazer o melhor possível, visando primeiro vencer seus limites pessoais. A orientação é um estilo de vida quando nos dedicamos a estar competindo junto com a Elite nacional, e o Karnika fez parte desse grupo de atletas. Mas o ambiente de amizade sempre sobressai em relação ao ambiente de competição, pois temos muita coisa em comum na fase de preparação, e a competição só acontece entre o triângulo de partida e a faixa de chegada. Quando olhamos os resultados e não foi bom para nós, a pergunta que vem primeiro à mente é: o que eu fiz de errado desta vez? E quando o resultado é positivo pensamos: desta vez eu fui bem mesmo. Na vida nossa luta é semelhante, procuramos fazer o melhor, e os orientistas muitas vezes se destacam na vida profissional por tem essa mentalidade. E muitas vezes a vida nos traz dificuldades difíceis de superar, como acontece em muitos percursos. Aí nos quedamos a pensar em nossas limitações, e tentamos nos levantar para seguir adiante. Pena que nosso amigo, desta vez, não pôde seguir adiante e tentar outro percurso. Mas espero que mais adiante, no céu, nossos caminhos voltem a se cruzar.

Até logo, Karnika.



https://www.facebook.com/juscelinoalencar.karnikowski/